domingo, 5 de abril de 2009

Mergulhando em meus projetos

Olá, amigos
Mais uma vez venho contar-lhes minhas descobertas em terras estrangeiras.
Pois bem, começo falando um pouco do que realmente interessa: os projetos que pretendo desenvolver com a orientação dos professores que me foram apresentados em Brera. Devo salientar que, excetuando as lições de história da arte do professor D’avossa, todas as outras três aulas que freqüento são basicamente práticas. Muito bem, não sou matriculado em Brera, sou apenas um aluno ouvinte e por isso não posso exigir direitos nem tomar muito o tempo dos professores. Na verdade, é um favor que eles estão fazendo ao professor D’avossa quando me recebem.


Nessa semana pude acompanhar com mais afinco as lições, pois já me encontro numa situação de conforto com o novo alojamento e, acima de tudo, estou mais familiarizado tanto com a língua como com os costumes e práticas daqui. Isso graças à ajuda de alguns amigos que tenho feito. São principalmente contatos de amigos brasileiros e italianos envolvidos com a cultura brasileira. Eles me ajudam muito nas pequenas (porém essenciais) tarefas do dia a dia, como procurar material com preço mais econômico, entender certas práticas, conhecer galerias e museus. O sistema de ensino em Brera é bastante diverso do sistema da UFBa. Aqui não é necessário freqüentar as aulas todos os dias. Uma vez por semana os alunos se dirigem ao professor, conversam sobre seus projetos pessoais, recebem orientações e retornam na semana seguinte com as modificações para nova análise.


Outra diferença é o momento de terminar o curso. Assisti ao exame final de Silvia, que conheci na semana anterior! Ela acabou de se formar. Um dia em que a academia fica repleta de parentes dos alunos e depois todos saem para comemorar. Silvia apresentou seus trabalhos pra uma banca, eles deram a nota e pronto. Não tem formatura, colação de grau, toda essa parafernália que tem no Brasil.


Voltando ao assunto, estou freqüentando as aulas de gravura do professor Bacco. Iniciei apresentando meu trabalho, falando sobre meu projeto e o citado mestre orientou-me a iniciar alguns estudos. É um sujeito sério, com cara de exigente. Acho que não se animou muito com meu trabalho! Quero adaptar a série Bala Perdida pra falar da violência em outros lugares. Para isso, faço uma ligação de meu trabalho com as gravuras que Goya fez sobre a guerra na Espanha. O título que dei é Cabeça de Goya, porque li, numa biografia escrita por Robert Hughes, que a cabeça de Goya foi perdida durante o transporte de seu corpo, que estava enterrado na França, de volta para Espanha. Bem, minha idéia é mais panfletária, a concepção do professor Bacco é mais estética.


Outra lição de pintura, esta mais conceitual, com professor Marrocco, é a que mais me interessa. Os alunos são totalmente livres para produzir seus projetos, seja com qualquer técnica, suporte ou temática. Aprensentei meus trabalhos e ele orientou-me a aprofundar a série Risco, um projeto que desenvolvo com a técnica de desenho a carvão em grandes dimensões, pois nele viu mais potencialidade que nos outros trabalhos. Essa semana devo apresentar-lhe um estudo e, após sua orientação e alguns ajustes, imediatamente iniciar a confecção de tal projeto. Creio que será o projeto de maior custo, devido às dimensões e o tipo de material. Devo salientar que em Brera os professores primam pelo efeito dos trabalhos em grandes dimensões.


Venho procurando fazer o levantamento orçamentário para esse projeto. Silvia me levou a uma oficina de telas para pintura onde o dono vende um rolo de lona, já preparada, porém com pequenos defeitos, por 126 euros. É um grande rolo que serve tanto para o projeto do professor Marrocco quanto para os futuros trabalhos do professor Cattani, uma outra aula de pintura. Fica bem mais barato que comprar telas já prontas nas lojas de material artístico. Tem uma loja enorme, numa cidade perto de Milano, que tem muito material, coisas pra construção, tinta, plástico. Chama-se Brico Center. Acho que é o Taboão de Milão. Mesmo assim, fico surpreso com o preço dos materiais e preocupado se, porventura, tiver que escolher entre pagar minha alimentação e transporte ou comprar os materiais de que necessito. Disponho de pouco tempo para executar tais projetos e pretendo fazê-los da melhor maneira possível.



Na rua: cabra bom de dedo!



Exame final de Silvia em Brera.



Escultura que vi numa mostra; chamei-a de "a mijona"!

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